Cólicas e outras queixas, como ameniza-las

Ana Paula Dias de Sá

Ana Alice Silva Amaral

Só sendo mulher para compreender a dor e a delícia de ser o que somos e como somos. Respeitando nosso jeito de sentir, pensar e agir, aqui buscaremos reunir algumas práticas, dicas e sugestões para lidar com alguns sintomas e queixas mais comuns que o nosso corpo apresenta.

Para começo de conversa, precisamos recordar que o nosso corpo reflete a nossa mente, a nossa espiritualidade, a nossa rotina de trabalho, exercícios ou a falta deles, assim como o tipo de alimentação que ingerimos. A nossa condição social às vezes se coloca como verdadeira determinante no processo saúde-doença. Para atingir o conceito de saúde defendido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) que é de que “A saúde é o completo estado de bem-estar social, físico e mental”. As pessoas necessitam ter seus direitos básicos assegurados, como acesso a moradia digna, alimentos saudáveis com dieta mínima de três refeições por dia, acesso a água, a terra, a educação, cultura, a renda, condições de trabalho etc.

Tendo clareza dessa dimensão da saúde que é tão ampla, vamos agora focar em práticas de cuidados femininos que irão nos apoiar nessa jornada.

Cólicas menstruais são as dores que ocorrem durante o período pré menstrual ou menstrual na região pélvica, lombar e pernas que os médicos chamam de dismenorreia. Para nos ajudar a aliviar esse desconforto nesse período, listamos aqui algumas práticas:

  • Pratique exercício físico como rotina;
  • Evite ingerir bebida alcoólica em altas quantidades, nem fumar;
  • Diminua a ingesta de refrigerante e café nesse período;
  • Compressa de água morna, ou mesmo aquelas bolsas térmicas, ajudam muito;
  • Chás, especialmente os de canela, gengibre e camomila podem ajudar, pois atuam no processo inflamatório que pode estar causando a dor. Veja as receitas no site ao clicar no “Saiba Mais”;
  • Repouse sempre que possível;
  • Se ainda assim não aliviar, pode ser que seja necessário o uso de algum medicamento para dor. Busque orientação de um profissional de saúde e se tiver que tomar algum remédio, dê preferência a analgésicos ou antinflamatórios que você já tenha utilizado e siga corretamente as instruções de uso da bula.

Fique atenta!

Cólicas mais intensas, persistentes e às vezes acompanhadas de tontura, náuseas, enxaquecas e algum outro sintoma, devem ser avaliados melhor numa consulta na sua Unidade Básica de Saúde (UBS).

Candidíase

Trata-se de uma proliferação de fungos na mucosa vaginal, muito comum e frequente entre as mulheres, podendo causar corrimento esbranquiçado e coceira na região íntima. A solução pode estar associada a um tratamento medicamentoso, mas listaremos aqui algumas práticas que podem ajudar. Tudo pode ser mais fácil se começarmos pela prevenção:

  • Evitar ficar muito tempo com a roupa molhada. Mas se você trabalha com a pesca, veja se é possível ter uma sacola com roupa seca e assim que sair do mar ou do rio, dar um jeito de trocar a roupa molhada pela seca, não esperar chegar em casa para poder trocar. Ao chegar em casa, banho para retirar resíduos das águas que podem alterar o PH vaginal e favorecer o crescimento de fungos.
  • Evitar usar com muita frequência as calcinhas de renda ou lycra, esses tecidos
    esquentam mais e quanto mais umidade, mais agradável aos fungos. Dê preferência a
    calcinhas de algodão e se possível, dormir sem calcinha, assim a região íntima tem um intervalo para ficar mais arejada e seca, o que dificulta o crescimento de fungos.
  • Evitar excesso no uso de sabonetes diretamente na região íntima durante o banho.
    Utilize em pouca quantidade e não diretamente na região íntima, pois os sabonetes
    alteram o pH vaginal e favorecem a proliferação dos fungos.
  • A higiene da roupa íntima também é importante! Evite lavar calcinhas no banheiro e deixar pendurada, o banheiro é úmido e não seca a calcinha adequadamente, o ideal é lavar a calcinha com sabão em barra, evite deixá-las de molho em sabão em pó, esfregue e estenda ao sol.
  • Os absorventes precisam ser trocados, no máximo, a cada três horas! Evite prolongar a troca e tenha atenção especial no final do ciclo, já que o fluxo diminuiu e não vai encher o absorvente em três horas. É comum acharmos que só devemos trocar quando o absorvente estiver cheio, no entanto isso muda de ciclo para ciclo, e de mulher para mulher, por isso ficar de olho, trocar sempre que necessário e nunca ultrapassar o período máximo de três horas.
  • O protetor diário de calcinhas promove aumento do calor e da umidade no local,
    favorecendo o aparecimento de alergias e proliferação de fungos e bactérias. Evite o uso prolongado.

E se ainda assim a candidíase chegou, veja a seguir algumas práticas para o tratamento:

Banhos de assento; Banho de Bicarbonato de Sódio

Você vai precisar de

1 bacia grande e limpa (onde você possa sentar)
1(uma) colher de sopa de bicarbonato de sódio (você encontra em farmácia ou supermercado)
1L (um litro) de água fervida em temperatura morna

Na bacia, dissolva o bicarbonato em água morna, espere esfriar ao ponto morno, é o tempo de tomar um banho, então sente na bacia em contato com a mistura por 15 a 20 minutos e enxague em seguida.

Realizar o banho duas vezes ao dia por 7 dias.

Banho de vinagre de maçã

Você vai precisar de

1 bacia grande e limpa (onde você possa sentar)
½ xícara (meia xícara) de vinagre de maçã
2L (dois litros) de água fervida em temperatura morna

Na bacia, misture bem o vinagre na água morna, espere esfriar ao ponto morno, é o tempo de tomar um banho, então sente na bacia em contato com a mistura por 15 a 20 minutos e enxague em seguida.

Realizar o banho duas vezes ao dia por 7 dias.

OBS. Este banho de assento NÃO deve ser feito por mulheres grávidas.

Banho de chá de camomila

Você vai precisar de

1 bacia grande e limpa (onde você possa sentar)
3 (três) colheres de sopa de folhas e flor de camomila seca
1L (um litro) de água fervida

Despeje a água quente na bacia e adicione as folhas e flores da camomila seca. É o tempo de tomar um banho, então sente na bacia em contato com a mistura por 15 a 20 minutos e enxague em seguida.

Realizar o banho duas vezes ao dia por 7 dias.

Pomadas Naturais

Óleo de coco
O óleo de coco pode ser consumido líquido ou em cápsulas.

Na forma líquida: até 3 colheres de sopa ao dia na alimentação. Ou aplicar 5ml diretamente na vagina, 3 vezes ao dia, durante 7 dias. Lembre-se de tomar banho antes dessa aplicação.

Cápsulas caseiras de óleo de coco

Outra opção é produzir as cápsulas caseiras de óleo de coco com a ajuda de uma cartela vazia de comprimidos.

Para isso, lave a cartela, coloque o óleo de coco e leve ao congelador. À noite, após o banho, introduza o comprimido de óleo de coco na vagina e deixe agir durante a noite. Utilize apenas um comprimido/cápsula de óleo de coco por noite, durante 7 dias.

Uma dica interessante é que a cápsula de óleo de coco é um excelente lubrificante para a pele e mucosa, podendo ser utilizado regularmente (dose única quinzenal ou mensal) como auxiliar na lubrificação íntima. Muitas de nós a partir do climatério começa a enfrentar problemas na lubrificação natural. Fica a dica!

ATENÇÃO Caso os sintomas persistam, você deverá buscar orientação no posto de saúde da sua comunidade!


SOBRE AS AUTORAS:

  • Ana Paula Dias de Sá Médica-Especialista em Saúde Coletiva Mestranda em Políticas Públicas em Saúde;
  • Ana Alice Silva Amaral Médica- Especialista em Ginecologia e Obstetrícia;

REFERENCIAS:

Organização Mundial da Saúde, disponível em https://www.who.int/eportuguese/publications/pt/

Entrevista com a Ginecologista Ana Alice Silva Amaral concedida em 03/08/2021