8 de Março é um dia de celebrar a história para seguir na luta
Hoje nos dirigimos a TODAS as mulheres, mas de uma maneira ainda mais próxima, às mulheres do nosso Curso de Saúde para as Mulheres.
Dizem que recordar é viver, que é importante manter viva a história para lutar no presente e mudar o futuro. Essa sem dúvida vem sendo a jornada da passagem das Mulheres pelo mundo.
Por isso, vale a pena recordar a história, que embora não comprovada em datas, deu origem às celebrações do dia 8 de março. A narrativa mais conhecida é de que em 1857, numa fábrica de tecidos nos Estados Unidos, as mulheres realizaram a primeira greve da história, reivindicando redução da jornada de trabalho, melhores condições e uma espécie de licença maternidade. O que se conta é que muitas dessas mulheres foram mortas num incêndio criminoso causado pelo dono da fábrica. Historicamente, os fatos não coincidem com a data, contudo o fato é que o 8 de março foi sendo referenciado como um importante convite para a refletir sobre o lugar ocupado pelas mulheres no modelo de sociedade em que vivemos e onde mais da metade dela é composta por mulheres e a outra metade por seus filhos.
Nem tenho a pretensão de trazer aqui um texto feminista, mas de falar sobre o nível de desigualdade que ainda enfrentamos pelo simples fato de sermos mulheres.
Ser mulher numa cultura e sociedade que compreende o sexo masculino como superior, determina que mulheres não podem se vestir como quiserem, não podem ter o corpo que quiserem, não podem usar o corpo como quiserem, não podem frequentar os lugares que quiserem.
Nascer mulher numa sociedade que compreende o sexo masculino como superior, é ter que escolher entre casar e ter filhos ou estudar e ter uma carreira, e ainda ser criticada se a opção for a segunda. É ter que mostrar o tempo todo para todos, às vezes para todas, que é capaz.
Nascer mulher numa sociedade que considera o sexo masculino superior, é ter que dia após dia lutar e cuidar do mundo para que ele, um dia, seja bom para todos, todas, todes.
A pandemia da Covid-19 recolocou todos os desafios possíveis para a vida das mulheres reunidos de uma só vez: a doença, a morte e o cuidado aos seus, incluindo vizinhos, parentes, amigos e amigas. Colocou o desemprego, a escassez de recurso, a sobrecarga de trabalho dentro e fora de casa. Colocou mais violência fora e, especialmente, dentro de casa.
É triste refletir que mais de 80% dos casos de feminicídio são praticados por nossos próximos, por aqueles que deveriam ter, acima de tudo, respeito por quem somos e por nossas escolhas.
No entanto, olhar para a história também nos faz recordar que somos muitas, que estamos juntas, que graças a teimosia de tantas outras, hoje estou aqui escrevendo, trabalhando, estudando, cuidando dos filhos e filha, podendo votar e podendo ser eleita!
Sim! Falta muito, muito por fazer, mas muito já foi feito e temos que celebrar a jornada que nos antecede.
Um VIVA!
À cada Mulher, às que nasceram, às que se tornaram e se tornam Mulher a cada dia.
Ana Paula Dias de Sá
Mulher, mãe de Ana Lara, Théo, Miguel e Rafael, médica e Coordenadora do Curso no Ceará
Em 1910, Clara Zetkin propôs um dia internacional dedicado à reivindicação dos direitos das mulheres com a intenção de unificar uma data para celebrar a solidariedade internacional na luta pelos objetivos comuns. Ainda não havia, no entanto, um dia definido e, entre 1911 e 1914, o Dia Internacional das Mulheres foi comemorado em datas diferentes do mês março. Apenas em 8 de março de 1917, com a deflagração da greve das tecelãs de São Petersburgo, que impulsionou a Revolução Russa, esta data foi consagrada como o Dia Internacional das Mulheres. Organizações internacionais demoraram mais de 50 anos para reconhecer a data, e só o fizeram por pressão e insistência dos movimentos feministas.⠀⠀
A história das mulheres que lutaram pelo 8 de março nos inspira a lutar por um feminismo anticapitalista, antirracista, antiLGBTfóbico para a maior parte das mulheres e não somente por um empoderamento de algumas.⠀O dia 8 de março foi e sempre será um dia de luta feminista!⠀⠀
📚 Dica de leitura:
COMBO REVOLUCIONÁRIAS, com A REVOLUÇÃO DAS MULHERES, de Graziela Schneider Urso (org); MULHER, ESTADO E REVOLUÇÃO, de Wendy Goldman; e MARGEM ESQUERDA 28
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📺 Dicas de vídeos:
◢ As origens comunistas do 8 de março, com Maria Lygia Quartim de Moraes
◢ A revolução das mulheres: antologia de feministas soviéticas, com Maria Lygia Quartim de Moraes
◢ As mulheres e a Revolução, com Wendy Goldman
◢ A revolução das mulheres, com Wendy Goldman e Maria Lygia Quartim de Moraes
◢ O que as feministas soviéticas podem ensinar sobre família e estados na pandemia?, com Wendy Golman e Flávia Biroli
Com informações da Boi Tempo